domingo, 12 de fevereiro de 2012

Que pavor!...

Que pavor!...
Esta foi a frase proferida por um jovem casal quando passava em pleno Centro da cidade de Marinha Grande, naquela passagem, que mais parece um túnel obscuro e obstaculizante ao já parco tecido comercial e de serviços existente naquela zona. Num daqueles dias que costumo andar a pé, ao cruzar-me com esse casal de namorados, nesse malfadado túnel (doravante vou designá lo por túnel), ouvi ela dizer para ele, com voz amedrontada “ oh mor passar por aqui é um pavor, nunca mais me tragas para este túnel. Esta Marinha cada vez está pior…”
O grande problema é que esta frase demonstra um sentimento generalizado de todos quantos por ali passam. Não veem com bons olhos o estaleiro de obras, com aquela grandiosidade, que serve de apoio à construção do edifício da resinagem, ao ponto de não passarem automóveis e as pessoas passam, mas com medo, até de dia, porque à noite já nem se fala…
Sendo a minha área de direito, não tenho conhecimentos técnico científicos, para aferir da valência de toda aquela área que está a servir de estaleiro, que mais parece uma zona de estacionamento para os automóveis dos trabalhadores da obra, mas sei utilizar o termo de comparação, com outras construções, noutras cidades, em que há um cuidado extremo de conciliar a obra com a vida normal da cidade, isto é, a obra executa se sem perturbar o comercio, os serviços, o transito e os transeuntes. E não é preciso ir muito longe, há bastante pouco tempo, na cidade de Leiria, mais concretamente na Praça Rodrigues Lobo, houve obras de revitalização de um prédio de 4 andares e a vida naquele espaço acontecia naturalmente, os cafés estiveram abertos, as esplanadas estavam, por vezes, apinhadas de gente, a casa de moda vendia vestuário e não foi por causa da obra que se deixaram de vender viagens, na agência, ali mesmo sediada. Mal estariam as grandes cidades que para revitalizar um edifício, toda aquela zona fosse obstaculizada e atrofiada por causa da obra…
Na nossa cidade nada disto acontece, a obra executa-se, mas tudo em redor ficou anestesiado, a cidade não está morta, mas até parece…
Não estamos, de todo, contra a obra, estamos sim contra a forma como está a ser concretizada.
Tem sido uma preocupação nossa, e por isso, nas últimas reuniões de Câmara temos chamado à colação, perante o executivo, deste problema que está a afetar centenas de pessoas não só na área comercial como em termos de mobilidade.
Pretendemos que o executivo, no mais curto espaço de tempo, com a anuência dos responsáveis da obra, abdiquem de tamanho espaço para estaleiro de modo a conciliar-se a execução da empreitada com a vida normal da cidade, que os automóveis circulem, pelo menos numa via, que os transeuntes andem sem medo nem pavor e que o comércio e serviços tenham a possibilidade de ganhar uma nova dinâmica.
Numa frase supracitada afirmámos que não estamos, de todo, contra a obra, mas convém realçar que estamos em parte contra o destino que a mesma vai ter. Sempre afirmámos, inclusivamente em plena campanha eleitoral, que aquele espaço devia continuar a ter como destino o mercado municipal. Era uma forma de cativar pessoas ao centro e dar lhe uma nova vida.
Temos algum receio e por isso nos abstivemos na votação para aprovação, cujo custo da obra da resinagem, se vai cifrar perto de 5 milhões de euros, seja mais uma, entre outras que já se fizeram na nossa cidade que já nem vale a pena referenciar, sem qualquer utilidade. Já éramos totalmente a favor se se tratasse de um edifício que depois de pronto ficasse com uso ou utilidade polivalente. Por exemplo, de manhã podia servir de mercado, mas dada a sua polivalência, à tarde, já podia ter outro destino, tal como, concentração de motas, automóveis novos e antigos, antiguidades, venda de livros, selos e moedas, exposições de vidro e de plásticos, maçariqueiros ou outros eventos considerados de oportunidade cujo fim era, essencialmente, trazer pessoas ao Centro. Teríamos com certeza um centro mais aprazível, mais dinâmico, mais atraente e como se diz na gíria comercial “ negócio puxava negócio”.
É que as obras de hoje têm de ser as obras de amanhã, têm de ser obras de sempre para sempre, mas para isso tem que haver uma gestão com visão futura e estratégica em que a cidade tem de ser vista num todo, com a participação de todos, devendo-se aproveitar as melhores ideias, mesmo provinda de culturas partidárias diferentes, não esquecendo todo o povo anónimo que tem a universidade da vida porque estes também sabem e sabem fazer dada a sua experiência e prática quotidiana ao longo de muitos anos.
As obras são feitas, com o encargo de todos e para isso tem de ser para todos os munícipes, sem exceção, em que todos vejam que há ali uma mais valia para o concelho.
Não devem ser obras, para encher o “olho”, sem utilidade, apenas com fins mediáticos e angariadoras de votos.
Se esta prática tivesse sido aplicada há décadas, com certeza que a Marinha, a Vieira e a Moita estavam diferentes! …

O Vereador Municipal
António Santos